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O Mundo

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  O  mundo. Ah… essas duas palavras tão gastas! Comecemos por elas. O mundo — dizem — está completamente louco, e já nem sabemos se o azul que se reflete como céu é uma tela de alguma tecnologia extraterrestre ou o sorriso de um deus ressuscitado de milênios esquecidos. Este nosso mundo ameaçado por pragas, armamentos, vírus, desastres naturais, aerólitos e, para completar, alienígenas. Este mundo povoado de loucos, políticos desvairados e religiões fracassadas. Este pequeno planeta. Este mundo. Mas também um mundo que continua surpreendendo pela sua perseverança e pela teimosia quase infantil de sobreviver apesar de tudo. Apesar do aquecimento global — e, pior ainda, do aquecimento midiático sensacionalista internacional. Um mundo que sobrevive fazendo malabarismos entre uma multidão de guerras pré-fabricadas e dois bilhões de vídeos ensinando meditação em infinitas versões. Mas afinal, a que nos referimos quando dizemos “O Mundo”? Porque o mar continua ali. E as montanha...

A Profecia Silenciosa da Favara

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 A quela foi a minha primeira viagem à Itália, e o meu destino era a Igreja de Maria SS. della Favara, em Contessa Entellina. Mas eu ainda estava muito longe de compreender que nada, nesta vida, acontece por acaso. Eu apenas deslizava pela superfície das águas, sem ter mergulhado, ainda, na imersão batismal das profundezas do espírito. Faltavam anos para isso — e eu nem suspeitava. O essencial, porém, é que eu permanecia na água, movendo os braços com um desejo de nadar que nascia — Deus sabe de onde. Eu era uma ocidental típica do meu tempo: prática, ocupada no concreto, atenta às respostas imediatas. Uma artista à procura de formas. Um ser humano sedento de mundo. Uma mulher tentando definir o seu lugar. Por isso, que o meu destino fosse a Igreja de Maria SS. della Favara… nada me dizia. Ainda. Outra teria sido a história se eu tivesse consciência. Mas não existe consciência fora do tempo: há apenas uma consciência do passado que se revela no futuro, enquanto atravessa silencio...

O silêncio

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M e pergunto até onde o silêncio é pai da injustiça e irmão da covardia. O silêncio costuma ser apresentado como uma virtude serena, um bálsamo para evitar contendas, um dom dos prudentes, um altar onde se oferece a paz. Mas será realmente assim em toda circunstância? Ou será que, em certas ocasiões, o silêncio se torna o berço onde crescem as sombras, o ninho onde se incubam as injustiças e o sudário que encobre a verdade? O silêncio tem dois rostos. Um é santo: é o silêncio contemplativo, o silêncio que escuta, o silêncio que cura, o silêncio que evita a ferida desnecessária. Esse silêncio é oração, é sabedoria, é a respiração profunda da alma que se recolhe para agir com clareza. Esse silêncio é filho legítimo da prudência. Mas existe outro silêncio —o que inquieta, o que dói, o que trai—. Esse silêncio nasce do medo: medo do julgamento, medo de perder privilégios, medo de carregar a cruz da testemunha. Esse silêncio é uma aliança tácita com o mal, ainda que quem o guarda não o ...

Bem-vind@

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  Este não é um espaço para entreter, nem para agradar. Também não nasce da urgência de opinar sobre tudo, mas do desejo de dizer o que a alma vê com nitidez quando o ruído se cala. Aqui você encontrará textos breves, sinceros, às vezes incômodos, sempre nascidos de uma consciência que olha sem medo. Escrever é, para mim, uma forma de honrar a verdade que não grita, mas permanece. Uma maneira de abrir janelas em tempos em que tantos preferem viver com as cortinas fechadas. O que compartilho aqui não pretende convencer você: pretende iluminar. Não busco adesões, mas ressonâncias. Não busco seguidores, mas leitores despertos. Se algo do que você ler tocar seu interior, se alguma frase o fizer deter-se por um instante, se algum pensamento abrir uma fresta por onde entre luz, então este blog terá cumprido seu sentido. Escreve quem aprendeu que a contemplação não é fuga, mas vigilância. Que a clareza não é estridência, mas fidelidade. E que a verdade, quando é verdade, sempr...