Postagens

Mostrando postagens com o rótulo presença

O silêncio

Imagem
M e pergunto até onde o silêncio é pai da injustiça e irmão da covardia. O silêncio costuma ser apresentado como uma virtude serena, um bálsamo para evitar contendas, um dom dos prudentes, um altar onde se oferece a paz. Mas será realmente assim em toda circunstância? Ou será que, em certas ocasiões, o silêncio se torna o berço onde crescem as sombras, o ninho onde se incubam as injustiças e o sudário que encobre a verdade? O silêncio tem dois rostos. Um é santo: é o silêncio contemplativo, o silêncio que escuta, o silêncio que cura, o silêncio que evita a ferida desnecessária. Esse silêncio é oração, é sabedoria, é a respiração profunda da alma que se recolhe para agir com clareza. Esse silêncio é filho legítimo da prudência. Mas existe outro silêncio —o que inquieta, o que dói, o que trai—. Esse silêncio nasce do medo: medo do julgamento, medo de perder privilégios, medo de carregar a cruz da testemunha. Esse silêncio é uma aliança tácita com o mal, ainda que quem o guarda não o ...