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O Visitante

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  Relato do momento em que o hermético recebeu, sem desejá-lo, a visita da hermenêutica. Um dia aparentemente comum, em que a quietude do símbolo foi interpelada por um olhar distinto. O velho e enorme gigante espreguiçou-se sob o campanário. Suado e remelento, mas com o mesmo sorriso plácido e o mesmo olhar agudo e inquisitivo de sempre, percorreu o cenário da praça que se abria à sua frente. Era como se cada manhã o surpreendesse do mesmo modo: pesado pela noite, mas alerta; atento ao menor movimento que perturbasse o território que considerava seu desde tempos remotos. Os sinos tocaram ritmicamente e ninguém apareceu na praça. Os pássaros se agitaram nos galhos e disputaram com seus trinados o ritmo metálico. Estava tudo em ordem. Levantou-se lentamente, curvado pelo peso do próprio corpo informe, e dirigiu-se ao caixa de correio, como fazia todos os dias. Certificar-se de que nada havia mudado era parte essencial de sua rotina de guardião. Era praticamente o fundament...